sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

SINCRONICIDADES

o quadro é do Matta, um dos meus pintores de cabeceira, e chama-se, como convém, Être Avec
Hoje sonhei que o Peixe, um jogador de futebol da geração de Figo, Rui Costa e Paulo Sousa, que teve uma carreira descendente, era um fabuloso poeta desconhecido.
Estremunhado lavei a cara, a pensar na bizarria do sonho e ouço, ao fundo, os desenhos animados das minhas filhas. Sento-me com elas, e como sempre perguntei-lhe pelos sonhos. E diz-me a mais nova, a Jade, «eu sonhei com Jesus».
Indaguei, ela não é sequer baptizada e não sofreu qualquer indução de tipo religioso, e explicou-me que à tarde há uns desenhos animados, noutro canal, com a história bíblica. E então, ao explicar-lhe que Jesus era O Peixe para a sua comunidade de fiéis, dou conta que ambos sonhámos com os mesmos símbolos: o meu poeta desconhecido estava encontrado.
Jung chamava a isto as sincronicidades, os eventos que se organizam em série e que envolvem várias criaturas num padrão que as re-liga. É o que organiza as coincidências. O cinema utiliza muito este método nos seus desencadeamentos formais, sem disso terem consciência os cineastas, mas é o princípio que está por trás das «estruturas em mosaico» de que o Roberto Altman foi o melhor praticante.
Tenho saudades de escrever sobre cinema. Acho que vou reincidir, rapidamente e em força.

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