segunda-feira, 21 de março de 2011

MATUTAR COMO SANSÃO, ANTES QUE VENHA A TESOURA

esta pegada será minha?, etc., e tal
Pequena folga entre duas aulas para anotar dois apontamentos que surgiram no curso das mesmas:

«Nunca gostou de pensar em colectivo porque se sente um dos cem varredores que apaga nas dunas os traços da passagem dos humanos enquanto atrás deles uma segunda esquadrilha de varredores apaga os seus traços, antes que venha o vento turvar os olhares, ou que um homem tremendamente solitário sulque a praia.»

«O japonês, como o chinês, o árabe e muitas línguas africanas não possui o verso ser. Usa-se um auxiliar no lugar. Como não podemos dizer “eu sou”, é impossível apreender o conceito de individualidade inerente às culturas ocidentais – explica o actor japonês Yoshi Oida, para falar da estranheza com que um actor destes lugares se coloca na pele de Hamlet ao proferir “ser ou não ser eis a questão…”, e ocorre-me agora que é nas culturas destas línguas que gramaticalmente tornaram periférico o sujeito que ainda hoje se acolhe o fenómeno da “possessão”.
Mas outra questão vos quero deixar – inquiro a turma de jovens actores: como representar se topologicamente não existe a virtualidade de um sujeito de que se parta?»

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