quinta-feira, 28 de abril de 2011

EU, KATE E WILLIAM

Tenho andado tão distraído a empacotar a minha vida que me esqueci de vos contar que vou ao casamento de William e Kate. Vou de jacto e volto de balão.
Não vou propriamente eu, que estou ocupado com a mudança de casa, mas o meu clone. É uma história comprida, que tentarei resumir em três parágrafos.
Em Agosto de 2007, William e Kate Middleton passaram uma semana a sós em uma remota ilha das Seychelles. A ilha foi alugada exclusivamente para o casal, com escolta policial incluída.
Foi aí que o meu amigo David Caruso, numa noite, a raptou e clonou. Quando William acordou, na manhã seguinte, tinha ao lado o clone.
Após as férias, chegou à imprensa a notícia do recomeço do namoro.
A verdadeira Kate vive na ilha do Ibo, ao norte de Moçambique, com o David, um cientista louco que já me depenou três vezes ao poker, e que pensa mudar o mundo através do «golpe da tesoura» na cama dos poderosos.
A Kate é o primeiro míssil ao «sistema». O William é já um fantoche nas mãos dela. A prova é que em Buckingham, na última semana, já mudaram todos os batentes das portas para madre-pérola, como Kate exigiu.
Eu fui convidado por David para ser o relator das manobras de Kate nos bastidores do palácio mas fiz-lhe entender que não era ubíquo e que, apesar de isso me devastar, não podia deixar uma mudança de casa (vocês não imaginam como odeio os livros nestas ocasiões) nas costas da Teresa. Ele foi compreensivo e clonou-me.    
 O meu clone fará parte do novo corpo de «bodyguards» que assegurará a segurança do jovem casal. Já compreenderam: o meu clone replica os meus vinte e cinco anos, bonito, escorreito, espadaúdo, com a inteligência e o sentido de observação treinados por muitas horas de espaldar.  
Estou excitadíssimo porque ele, moi, não vai perder pitada.
Eu prossigo a minha saga na mudança para o Alto Maé, um território excruciante de popular e em que cada esquina se ouve cantarolar aquele célebre refrão: «um homem é um homem/ e Mané é Mané».
Giro foi comprar-lhe os sapatos mesmo à frente da minha nova casa, onde um estendal de 200 metros de sapatos, sandálias e botas, atapeta o passeio. São uns sapatos afivelados com sola de pneu, que vão fazer furor e entrar na moda. Foi tudo pensado (e esta operação custou seis dólares).
Amanhã conto-vos. As caixas reclamam-me. Acabo de descobrir que tenho em triplicado O Elogio da Loucura, do Erasmo. Que idiota tem Erasmo em triplicado, em Maputo? Vai ser o soldo de um dos carregadores, ó se vai!
(à suivre)

4 comentários:

  1. Pronto, tem mais um à disposição.
    Se por cada livro duplicado ou triplicado houver tal soldo trabalho todo dia. :)

    Tavares

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  2. Ó Cabrita, mesmo clonado não te safas junto de Kate...LOL
    Querias!!!!.....
    Mas que a história está muito bem contada, lá isso está!

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  3. Cabrita,
    estou na torcida para que o cientista louco
    que já te depenou três vezes ao poker,
    consiga mudar o mundo através do «golpe da tesoura»
    na cama dos poderosos. Se não for muito
    doloroso pra ti, por favor, pergunte ao insano se ele anda aceitando currículos para estágio...
    de qualquer maneira,
    como vão suas lebres, raposas e cabritas?
    bela arca, querido!
    beijinhos meus!
    linkando-te já!

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