la grand bouffe: a saudade que me deu |
A Elza Magna, com a graça de sempre, no impagável Desinformação Selectiva, fornece uma irresistível receita de lulas. Veja aqui.
Eu como há uns anos, acidentalmente, no meu livro «Piripiri Suite», tinha escrito o poema que vai em baixo dedico-o à Elza:
(dos jornais: fotografado pela primeira vez, a 900 m de profundidade, o Architeuthus, a lendária lula gigante de 18 m, no acto de captura de uma presa)
Será bicho de infinita sapiência como o polvo,
que joga xadrez com a própria sombra?
18 m de fibra sem grama de indolência,
espantaram-se os biólogos. O Architeuthus
é ágil como a cólera, que desidrata num raio.
E por que havia o antigo kraken, que amole-
CIA de pavor as meninges nipónicas,
de ter a velocidade de ponta do caracol?
Só a usura homologa que 1 m de luz
seja mais rápido que 18 m de sobrado.
O que assusta, António, é a conserva
titilante no espaventado crânio de Bush,
18 m de lula para distribuição aos pobres.
Foge lula (não vás para o Brasil), reserva-
-te e pira-te para o Tártaro antes que a cruz
cristã aperte o cerco das bocas desdentadas.
incrível!
ResponderEliminarEstou desde sábado para vir aqui te agradecer pela gentil e honrosa menção à minha frugal receitinha. Na verdade, até vim - e três vezes! - mas os condimentos do teu poema enrugaram-me a língua. E engasguei a cada verso, como se esta lula monumental tivesse espinhas. Pois não é que tem? Cozida no teu fogo nada brando, o bicho espinhou-se proporcionalmente ao tamanho.
ResponderEliminarComo se não bastasse o poema, ainda fazes alusão a La Grande Bouffe, condenando de vez a teus requintados labirintos culinários a vaidade gulosa desta humilde "chef" de tupiniquins gororobas letais.
Vão-se os anéis de luva-lula da Elza, ficam os dédalos-tentáculos do António!
Beijos