domingo, 26 de junho de 2011

A PAIXÃO SEGUNDO JOÃO DE DEUS III



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Calhou-me a mim, a rifa. No Vává*, o Chico Antunes, o pássaro-bisnau, que era comissário de bordo na TAP, apresentou-se lamentoso porque os voos cheios do fim de ano lhe haviam trocado os turnos, lixando-lhe a concertada dessa noite na Gulbenkian, e já tinha os bilhetes comprados. O programa, lia o pássaro-bisnau, pomposo, compunha-se da peça para ballet com que Stravinsky fechou o seu período neo-clássico, Orpheus, e de duas obras de Robert Gerhard, Set Haikai, e Pandora Suite, também esta escrita para uma pequena orquestra de ballet.
O Alberto e a Solveig** escusaram-se, andavam numa fase de ‘música concreta’ e não queriam contemplações com «o reaças» do Stravinsky. O Lopes*** tinha plenário de trabalhadores na RTP. Eu, danado para as contemplações e as borlas, e ciente que a ressaca com que acordara nesse dia não me deixaria ir mais longe, chamei a mim os bilhetes.
Orpheus – delicado, ovos de borboleta e limões amarelos - fez-me entender que o estampanço de Almada no painel do átrio da Gulbenkian é um declive que não é só dele. Na arte, apenas a música pode aplicar o número de ouro sem sufocar no esquema. A divina proporção fazia daquele morceau de Stravinsky um airoso passeio pelas dunas, à cata de conchinhas e de estrelas do mar. O ideal para uma ressaca.
Nos Set Haikai passei pelas brasas. Falta à miniatura japonesa a gordura que faz da picanha um menu e que entreabre o barroco ao infinito. É como a pintura minimal, aprecio num museu mas um Rotkho na sala (apesar da temperatura, é o que mais aprecio nele, o revérbero quente que dá às cores) actuaria sobre mim como a tsé-tsé. A música era bem composta, magnificamente estruturada, capazmente interpretada, mas sem a outrance que me faz alçar o ouvido.   
Contudo, anagrama de conduto, senti aos primeiros acordes de Pandora que a minha ressaca tinha encontrado a sua retrete turca. Não há violência como a que experimenta o que apanhou uma carraspana na véspera se a retrete da baiuca onde combate o torpor das veias a cafeína e água com gás é turca. Tal abaixamento do centro axial do corpo aliada à baixa tensão arterial provoca uma despressurização que desequilibra o mais pintado. O primeiro andamento de Pandora, The Quest, exercia esse tipo de efeito. Era uma vertigem sem princípio nem fim, de um desamparo abisal, como dizem os espanhóis, o que o Gerhard nunca deixara de ser. Sentia-me a respirar sob quatro ou cinco atmosferas; o pânico, sentado ao meu lado, abria a navalha para o descasque. The Quest era le morceau idéale para a centuplicação do drama no ataque dos pássaros em Hitchcock.
Felizmente que, em Psyché and the Youth, o 2º andamento, o piano abrandou a vertigem e à entrada das flautas eu já recuperara o sangue frio. Pouco ouvi (sobreponha-se aqui a voz pomposa do pássaro-bisnau) das variações orquestrais ao Ad Mortem Festinamus, cançoneta entoada pelos peregrinos do século XIV que visitavam o mosteiro catalã de Montserrat: a minha desesperada análise do que me acontecera nos minutos precedentes atirara-me para milhas dali.
Fui então tocado por uma luz e empanzinado por uma ideia que à época me parecia estupidamente nova: os perigos de Pandora não chegavam da sensualidade bruta e desregrada, da licenciosidade dos costumes sob influência súbita dos raios gama nos aparelhos reprodutores dos Faustos & Margaridas desta vida, o que se destapa na caixa de Pandora não é o intenso cheiro a sexo que nos exalta e atrapalha, mas o fedor da amnésia com que as sociedades modernas querem esconder a morte e exaltar a juventude.
Levantei-me, de supetão, na plateia, e gritei três vezes Eureka, precisamente à entrada do terceiro andamento, Pandora´s Carnival, mas a minha sintonia não colheu o apreço dos chatos dos arrumadores e seguranças, que me convidaram a sair. E o público, diga-se, bardamerda para o público… foi conivente.               
Dois dias depois… ainda me arrepio, de contar. Se contar se fundisse com o que aconteceu seria proibitivo fazê-lo pois as retinas dos leitores seriam respigadas por cal viva.
Faltavam duas horas para o ano novo e não se via vivalma na cidade, só os mânfios, os cães sem dono e os tesos como eu. Arrastava-me pelo Largo da Misericórdia, de montra em montra de alfarrábio. Cismava em como havia de desviar alguns dos tomos expostos, e, só por descargo, dei uma espreitadela no Expresso, rezando por companhia. Nada. Tinham-me deixado sozinho. Cravei ao sr. Carlos uma bifana e uma lourinha, bebi a fiado mais duas, e resignei-me a voltar para casa.
Curvei para a Trindade*** e ao passar na esquina da Opinião**** chama-me um polícia.
É o senhor João de Deus?
E daí?
O senhor desculpe, como costumo vê-lo por aqui…
E os pombos também…
Temos uma chatice e não temos mais ninguém para identificar… o morto.
‘Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los’.
Que diz?
Nada, disse-lhe eu acendendo o cigarro, pensava em Pessoa… Que morto?
Um senhor que costuma estar nesta casa, com os senhores.
Aqui na Opinião?
Sim.
Aqui só há cães e cachorros…
Não é assim que lhe chamam, sei que ele tem a alcunha de um animal mas não é cão…
Lá tive de acompanhá-lo à morgue. Não ia totalmente contrafeito. O relato circunspecto daquele fim de ano sempre me daria para um mês de cravanços.
Entrei na sala frigorífica e havia um corpo coberto em cima de uma mesa de alumínio.
É este, indaguei.
Não, o sr. Enfermeiro vai abrir a gaveta.
O enfermeiro abriu a gaveta frigorífica e vi logo, enquistado em sarilhos, o Cabeça de Vaca.
Estava a pedi-las… - deixei cair, num encolher de ombros.
O senhor confirma que o conhece?
Apeteceu-me brincar:
Não sei, deixe-me ver este, a ver se não há engano.
Num puxão puxei o lençol, para os pés do cadáver.
Senti um pontapé no esterno. À minha frente, nua, estava Ofélia, a Ofélia pintada por Sir John Everett Millais. De uma beleza que a aguarela da morte apenas intensificava e que agora me deixava a vida tão sedentária e vazia como os guindastes do porto. Fora uma infâmia a vida ter-se esquecido de me colocar na rota dela, pior a perspectiva de, aurora sobre aurora, entreabrir os olhos e não ser o guardião da morta. Seria para sempre o que não nasceu para isso. Não sei se me entende: não a queria ressuscitar, que para tal se me dissiparam os dons. Nem esconder a sua morte. No caso dela não era necessário: a sua imagem abria uma brecha na morte, sem ter de a iludir. Aquela resina fria que alastra sob a pele dos mortos e os enrijece como mármore, não ia ter efeito com ela, a luz que a sua pele emitia não mentia. Você sabe o que aconteceu ao Pessoa, quando lhe abriram a túmulo para o trasladarem para os Jerónimos, cinquenta anos depois do falecimento? Estava inteiro. Teve de ser cortado às postas, como o bacalhau, para caber na urna que lhe fora reservada. Era o que lhe iria acontecer. Queria andar com ela, de cidade em cidade, para que vissem que a morte não é o fim, que não precisamos de fingir e que a beleza pode existir para além dela. E que o pecado só enodoa quem não colheu amoras, nu, à beira de um regato, enquanto por cima flauteiam os primeiros acordes do Don Giovanni. 
Com dificuldade, gaguejei para o polícia:
Este é o meu morto.
O sr. João de Deus não está a compreender. Trouxemo-lo para identificar aquele senhor…
O idiota estava morto há muito, este cadáver está tão vivo que me deixa… morto para sempre…
O polícia tentava levar a coisa a bem.
Diga-nos só como se chama aquele falecido.
Sei lá, não compreende, homem? Eu agora sei que morri, que não há nada depois disto…
Enregelava dos pés à cabeça. Sabia que se a onda fria me chegasse ao coração eu encomendaria a alma aos pinguins. Era preciso reagir, e pus-me aos gritos com o polícia:
Saia… saia…
Ele fitava-me, siderado. Insisti:
O sr. Agente importa-se de sair?
O polícia esboçou tirar o cassetete do cinto e eu antecipei-me, esmurrando-o. Aviei-o num instante, tinha aprendido tudo com o James Cagney, e pu-lo fora da sala frigorífica, mais ao enfermeiro, um medricas.
Depois fechei a porta por dentro e tive uns momentos de recolhimento diante da alameda de frésias que a contemplação do seu corpo se me abria; aquele anjo estava nimbado por um brilho, uma harmonia que nunca mais entrevi. Estremeci, a pensar no que seria aquela alma de olhos abertos.
Começaram a arrombar a porta. Tive de me decidir. Abocanhei-lhe o sexo, frio mas majestoso, e à dentada arranquei-lhe alguns pêlos púbicos, que recolhi depressa no bolso pequeno das moedas, antes de rebentarem com a porta e de me prenderem os movimentos.

Foram meses de pranto, os olhos secos para o mundo. Aquele anjo deixara-me pregado na ombreira do inferno. Não foi por passatempo que Pessoa escreveu, Grandes são os desertos e tudo é deserto. E ele só conheceu uma ténia chamada Ofélia, não esbarrou na legítima.
Felizmente que o João César faltava a quase todas as promessas que fazia, pelo que não iria precisar de mim tão depressa.
Errava de autocarro, sem destino, de uns para outros, o dia inteiro, como uma caligrafia que cospe em si mesmo até se esborratar. Não queria ser visto, voltar a fixar os olhos em mais ninguém.
Um dia, ou antes, no dia 1 de Maio de 1976, o autocarro, que subia a Joaquim António Aguiar, engasga-se na multidão que descia das Amoreiras para se juntar à grande manifestação dos trabalhadores que ia ter lugar, e dali não saiu. Desci, vi que para cima e para baixo era a mesma mole humana densa como um mal-entendido, e no meu passo de sonâmbulo fui em frente, na direcção do Parque Eduardo VII. Acabei por desembocar à entrada da Estufa Fria, que não visitava há anos. Estava fechado (- o 1 de Maio ainda é feriado obrigatório, vai uma aposta em como em 2012 isso muda?) mas um dos guardas não escondeu o maço de cartas que tinha na mão e num impulso, o meu primeiro sinal de vida de há meses àquela data, perguntei se podia alinhar na jogatana. Lerpa. Jogo em que defenestrei muitos. Passadas duas horas trocava as lecas acumuladas – os gajos, baratinados de todo – por um passeio nu, na Estufa. Eles galhofavam, incrédulos, mas era alinharem ou depositarem na minha mão um terço do ordenado. Antes o passeio do louco.    
Serenou-me aquela luz coada de verde no meu corpo nu, o refrigério de alguns recantos, o transpirado silêncio da clorofila. Acabei por adormecer, como Adão, deitado num banco à sombra de uma piteira gigante.
Seriam cinco da tarde quando me acordaram:
Tens de te pirar, vamos mudar de turno.
Desci pela rua de Santa Marta e no cruzamento com a Rua das Pretas vi que um afluente da manifestação desviava da Avenida e subia para virar à direita, metendo pelas portas de Santo Antão. Era um grupo ordeiro de formigas no carreiro e intrigava-me a marcha compassada de silêncio, sobretudo vindos de um ruidoso metralhar de palavras-de-ordem.
Chegando ao edifício do Coliseu, a maioria punha um ar subitamente comprometido e, torcendo o pescoço à esquerda e à direita na busca de discrição e de uns gramas de invisibilidade, entrava numa porta barrada por um tecido vermelho. Acima das cabeças lucilava um tubo de néon verde e, em esmeralda, o nome da casa: Bar 25*****.

Fachada do Coliseu, o Bar 25 ficava na última porta, à direita, entrava-se franqueando uma cortina vermelha
Entrei. A atmosfera era glauca e num pequeno balcão forrada a napa vermelha, ao canto esquerdo, compravam-se umas fichas que custavam exactamente vinte e cinco paus. A ficha dava acesso a umas cabinas, donde, de vez em quando, saíam homens com o ar encantado de terem sido vacinados contra a morte.
Perguntei ao tipo do balcão, apontando as cabinas:
O que é que temos aqui?
Um peep show.
Que consta em?
Nas minhas costas, uns miúdos riram com a minha ignorância. Um deles esclareceu-me:
Se tiver alguma coisa contra uma boa sarapitola, dê o seu lugar aos novos.
Há décadas que não ouvia aquele termo: sarapitola. Sorri:
… compreendi… - Dei uma moeda ao empregado – Dê-me lá uma ficha, quero estar a par das novidades.
Esperei por vez. Era o sétimo da fila e o único que não estava a fumar (tinha a bolsa nas encolhas), restava-me o desconcerto das mãos no justo momento anterior aos jogos malabares.
Os homens saíam das cabinas num estado de enigmática gratificação. Não me ocorriam sarapitolas com tais efeitos, a não ser nas primícias, quando o corpo é ainda o continente negro que a catana desbrava. Ver para crer.
Finalmente vagou a minha cabina. Pus a ficha na ranhura e a porta abriu-se magicamente. A cabina estava forrada de alcatifa escura e tinha uma cadeira diante da janela de vidro. Sentei-me e fixei a cena, que me estarreceu.
Uma rapariga de cabelo comprido, ondulado, sobre os ombros e olhar plácido, enrolada num manto, velava um bebé deitado sobre palhas, numa improvisada cama de cruzetas. O bebé dormia, mas de vez em quando agitava as pernas como se no sonho fugisse da subida da água na praia. A dado momento, ela fitava fixamente o vidro e, tal e qual a ventosa de um polvo, palpava o nosso olhar. Literalmente. Irradiava uma paz que descia pelo tronco e nos fazia arfar. Então, num recato, lentamente, subia o manto sobre a cabeça. Misteriosamente, senti-me acossado por um espasmo. Assustei-me quando atrás de mim, na cabina vazia, ouvi mugir uma vaca e senti o hálito quente de um burro. Saí da cabina confundidíssimo, mas nimbado por uma sensação de perdão.
Como falar desta experiência? Fiquei cá fora, a digerir o que me tinha acontecido e a observar os homens que saíam do Bar 25. A todos aparecia a Nossa Senhora, vestida, imaculada, ilesa de sexualidade? Teria sido perfurado por uma alucinação? Como explicar a flagrante tensão, o cuidado, a crispação à chegada, e o ar descongestionado, relaxado, levemente beato, que exibiam à saída? A maior parte, homens curtidos, de boina aos quadrados e bigodaças sombrias, calejados pelos solavancos de um país clivado em heranças atávicas e dogmas revolucionários, entrava de cenho cerrado e saía como se asas escondidas lhes acabassem de nascer nas axilas.
Resolvi esperar por ela, segui-la, decifrar o enigma. Era, à altura, uma experiência inconfessável e só agora, quase trinta anos depois, falo disso sem embaraço. Mas intui ali que toda a agitação política da época não passava da espuma abaixo da qual se movimentavam as verdadeiras correntes. Estava tudo perdido, os homens no fundo só anseiam pela estabilidade perdida.
Era ela. Apesar da minha determinação, das ganas com que a seguia, os pés, que lhe pairavam sobre o chão respondiam às minhas acelerações, mantendo-a a uma invariável distância de mim. Quinze metros me separavam do enigma, quinze metros que não conseguia encurtar.
Apanhei o eléctrico atrás dela, mas nem lá dentro me consegui aproximar, uma estranha reacção magnética impedia-me. Saí atrás dela, em Pedrouços, e seguia-a na direcção do cais. Perguntei na bilheteira para onde ela comprara bilhete e pedi um para mim. O destino era a Trafaria. 
Na Trafaria segui-a pela cerrada malha labiríntica do bairro dos pescadores, até ter entrado dentro de um pátio. A noite pusera-se. Uma noite de lua nova, escura. O pátio servia quatro casas e seccionava-o três compridas cordas com roupa estendida, mas apesar das luzes acesas e dos rumores das televisões ligadas não se via ninguém. Na casa da direita acendeu-se uma luz, era a casa dela. Esperei cinco minutos e a coberto dos lençóis e toalhas de mesa estendidos, confiado no negrume da noite, avancei.
As cortinas eram de musselina transparente, mas apesar dela tomar banho, numa tina de água, a sua nudez nunca seria comparável à de Valéria Messalina. Aquele corpo harmonioso não fora contagiado por ideia de volúpia; partilhava a inexplicável mansidão da banhista de Ingres. Escondido, sentia crescer em mim a dor cruciante de divisar uma roseira sem espinhos. Apetecia-me, em nome da humanidade, tirar desforço; derrubá-la, devassar-lhe as guaridas do corpo, semeando-lhe na sombra um desejo arrebatador, pegajosamente sexual. Mas algo me inibia, decididamente do meu contacto com aquela mulher indecifrável nunca se diria: «o velho bode lambe o sexo da cabra».
De repente levantou-se, embrulhou-se numa toalha, e desapareceu. Esperei algum tempo, nada acontecia. Só por curiosidade, encostei a mão à porta e, para espanto meu, ela abriu-se. Assomei a cabeça e, acabei por penetrar no corredor escuro. Não se ouvia vivalma, embora despontasse luz num aposento ao fundo do corredor. Entrei no quarto com a tina. Fui espreitar a água. Milhares de reflexos de olhos gulosos boiavam à superfície. A água que lhe escorria do pano molhado que comprimia nos ombros, limpara-lhe a pele da conspicuidade de uma tarde de trabalho, largava-lhe o lastro. Reconheci naquela alcateia de olhos ébrios de desejo os meus. E no meio, junto à menina do meu olho direito, boiava um pêlo castanho claro, de uma zona do corpo que me é particularmente cara. Meti a mão em concha e resgatei esse exemplar único. A mão tremia-me. Um barulho vindo do fundo do corredor fez-me abrir a janela de guilhotina e sair de um pulo.
Desde então, como Calígula, sonhei repetidas vezes que conversava com o espectro do mar. 

*Vavá, café nas Avenidas Novas, que foi o poiso certo da geração de cineastas dos anos 60
**Alberto Seixas Santos e Solveig Nordblund, dois dos cineastas dessa geração, que nessa altura eram um casal
***Trindade, a mais famosa e maior cervejaria de Lisboa
****Opinião, na rua da Trindade, antiga livraria e galeria, em vários andares e com bar no último andar, onde hoje fica a sede da editora Cotovia
*****Bar 25, um bar de peep-show e de streap que se localizava no rés-do- chão do edifício do Coliseu em Lisboa, e muito famoso em 75 e 76  


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