Enquanto o zangão enfeitiça a rosa,
outro fim do mundo não haverá.
Enquanto o raio caligrafar as fauces do mar
outro fim do mundo não haverá
Enquanto a nuvem lembrar uma pálpebra
inchada, outro fim do mundo não haverá
Enquanto as cinzas do medo incandescerem
o ar, outro fim do mundo não haverá.
Enquanto a luz cavar um túnel na direcção dos crisântemos
que te procuram, outro fim do mundo não haverá.
Enquanto acordar ao teu lado esquecido
do alarido de muitas línguas na boca do Leviatã,
as costas direitas, ouvindo na varanda as andorinhas,
e souber que cardo, urtiga, micaia são três sinónimos
para o que está ausente na pele que acama
a alba, outro fim de mundo não haverá.
Quem me dera saber escrever estas "coisas"...
ResponderEliminarPoema impressionante. E estes últimos versos... brilhante. Enfim, tenho passeado por cá sempre que posso e a regularidade do blog parece-me algo desmedido, fora de lugar. É variado e ventilado, e muito rigoroso esteticamente, seja qual for o tema abordado. Parabéns, uma e outra e outra vez! Abração, aqui da terra de Tito Vilanova
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