quarta-feira, 10 de agosto de 2011

AS ILUSÕES DE MANDRAKE




Dois excertos que encontro num livro de conferências de Stravinsky:
1.     «No que me diz respeito, nunca ouvi falar sobre revolução sem pensar na conversa que Chesterton nos conta que teve com um estalajadeiro de Calais ao desembarcar em França. O estalajadeiro queixava-se amargamente da crueza da vida e da crescente falta de liberdade: «Quase não mereceu a pena – concluía o estalajadeiro – ter havido três revoluções para terminar de toda as vezes tal como se começou.» Como consequência, Chesterton fez-lhe ver que uma revolução no verdadeiro sentido da palavra era a deslocação dum objecto em movimento que descrevia uma curva fechada, e deste modo voltava sempre ao ponto de partida…»
Arrepiante, algo que estava chapado no próprio sentido da palavra mas que, camuflando-se, emergiu como a ilusão de um século inteiro.
2.     «Os círculos snobes transbordam de pessoas que, tal como uma das personagens de Montesquieu, se espantam como se pode simplesmente ser um persa. Fazem-me, infalivelmente, pensar na história do camponês que ao ver pela primeira vez um dromedário no jardim zoológico o examina pormenorizadamente, sacode a cabeça e ao ir-se embora diz, com grande gáudio dos circunstantes: “Não é verdadeiro!”».  
Uma tipologia que encaixa em tantos alunos e em quase todas as criaturas que são reféns da ilusão identitária.

1 comentário:

  1. .....o produto final é sempre modificado pelo todo.


    (sua acidez consciente me contagiou!)

    [contem 1 beijo]

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