eduardo gageiro
A GARRAFA VAZIA DE MANUEL MARIA para o Zé e a Fátima
Inconcebível, nos trópicos, o deslizamento dos glaciares, mas é nesse transe que me sinto, sob uma humidade canina, sem ponta de energia para o mais pálido relincho. Nem mesmo o sonho de uma voz feminina embalando um fim de tarde, me salva de dobar no vento as esquinas da saudade. Sabendo embora que ninguém atende ‘a chamada, que aqui ou lá o cortejo é fúnebre, e ajusta os mananciais ‘a garganta do insone, arrefecendo nos olhos as brasas de quem lembra. O pendão da distancia congela numa severa moderação de gestos. Filhas por abraçar, amigos com quem esboçar um destino já prescrito, rebentas desalojado de astúcias como a espuma na falésia. Tanto que viajas, mais que o nome, represa a hélice num banco de algas, tanto que divaga a tua quilha, a margem do silencio com que passo a passo se sela a sombra. |
Adorei o poema. Tanto sentir condensado em tão poucos versos. Não o "roubei" para o FB, como faço algumas vezes, porque está dedicado e não me pareceu correcto. Mas merecia leitura mais alargada. Obrigada pela beleza do que escreve e vai deixando aqui.
ResponderEliminarAliete