domingo, 17 de julho de 2011

A Helena de Tróia segundo Daumier




1

Das mulheres mais feias que já vi.

Foi nela que as cerejas, a haver infância

para tais orelhas de abano, ex-

perimentaram o comboio fantasma.


Fosse a macilenta asa de sua pele
em papel quadriculado e propiciar-se-ia,
à falta do belo, o útil - a manseutude
do útil sempre dá realce

a um olhar de toupeira. Vejam se lhe as faces
repuxadas como baças folhas de couve
que o tempo alacremente calcou.

E contudo pisa como uma gueixa,
mesmo quando se apressa
é um bonsai que se apressa.


2      (além do mais é coxa)


Foi inventada para ela, a palavra opróbrio,
Só desse modo se desanuviava
a fealdade comovidamente honesta
que era a sua. Diante dela Aristóteles

calaria que o ideal da arte de carpintaria
reside nas flautas. Miudezas
onde soçobra o espírito,
antes de esbarrar num cepo,

num pântano, no cirro que coaxa
toda a indivisa noite
até fazer sangrar a alba, 



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