Aterrou em Maputo o Nuno Ventura Barbosa, um jovem documentarista que para além do saboroso nome camiliano é criatura estimável, e aproveitei para me pôr a par sobre as últimas da produção do cinema em Portugal.
Fareja ele fortes indícios de que para o ano não se efectuem os Concursos do ICAM (o instituto que tutela o cinema e o audiovisual em Portugal), visto que neste momento já correm zunzuns de que o Ministério da Cultura anda a chamar as produtoras para renegociar a entrega das tranches dos subsídios anteriormente atribuídos (ou seja, para poder entregar o pilim mais tarde do que é costume e a muito piores horas, depois de ter estado a juros no banco.
Ou seja, há um tecido social, com uns milhares de técnicos associados que vai achar o paletó mais roído pela traça.
É tudo de uma cegueira, de uma falta de imaginação, extraordinárias. Como não perceber que quando há pouco dinheiro é que se tem que investir e de apostar em ganhar dinheiro? Que essa é a única saída.
A solução para revitalizar o país não passa pela solução de Proscrutes, que cortava indiscriminadamente os pés aos hóspedes que não lhe cabiam na cama, nem por fazer o sector cultural pagar as favas dos submarinos comprados para um exército absolutamente inútil, cortando-lhes as fontes, mas, no que à cultura cabe, pela motivação; i.é. pela criação de condições estruturais para que o sector possa gerar mais dinheiro e sair do ciclo vicioso da subsídio-dependência.
Aí então pouparia o Estado e criava-se algo que se poderia capitalizar e exportar.
Mas que fazer, o povo e os seus representantes são putanheiros, nunca pensam estruturalmente, mas unicamente na vantagem imediata, no aparato. Até nos cortes orçamentais são aparatosos. Fazem-me lembrar a anedota que consta dum manual de chistes que nos chegou da antiga Grécia, onde se lia a carta de um estudante para o pai, depois de ter vendido os livros: «Podes estar contente comigo, pai: os meus estudos já começaram a render-me alguma coisa».
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