segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

53 ANOS, O BALANÇO

fotografia de luis bastos ou de zé tomás, castiga-me a dúvida
Há gente muito cretina que acha que nunca sairei nas listas da revista Fortune, descerebradas criaturas que desconhecem que um cão é um gato e um anjo um prato de lentilhas, pelo menos no meu reino que é o de Sterne e Ovídio.
Detesto campeões que só vivem em condomínios, eu cá habito numa casa de onde só se sai ou se entra de pára-quedas e abomino a gentalha que só abre a boca para dizer “o nosso caso é parecido!”
Oh lá lá, anos de intoxicação e pobreza, sem vacilar um grama no caminho mais difícil para uma certa incidência em palavras onde a combustão se ateie, e nunca me faltou a profusão. Quem só descortina nós na madeira prefere o alumínio, eu sigo o veio, e nenhuma outra aventura me interessa.
Ou antes, na polinização há outra ciência em que às vezes deflagrei a sorte.
Por isso, antes que o fascismo campeie de novo (lei da mordaça nos EUA, lei da censura na África do Sul, favorecimento da ditadura na Hungria, retorno aos partidos únicos em África, privatização da Internet, a marmórea expansão da China, e decrepitez da Europa: o que são mais que sintomas) quero deixar bem claro que para além do meu amor pela palavra, existe o Amor.
C’est ça ma fortune:
A Carolina. 24 anos. é a minha mais bela italiana. ao colo, o meu neto, o Bernardo.
A Maria, 22 anos, a minha artista mais fatal.


Ana, 15 anos, a teenager-fera cá de casa.


A Luna, 7 anos, violinista visionária, que não acredita no fim-do-mundo: a primeira garantia de reforma para o pai, agente emérito


A Jade, 4 anos, o poder da filosofia. "Jade, gostares do papi é uma hipótese ou uma certeza. Uma hipótese, pai. Uma hipótese? Tem de ser testada."

Teresa, la raison d´être, a senhora que me deu o golpe da aorta.

Cada um tem a Fortuna que pode. Só é lastimável que eu seja tão parco a manifestar-lhes que a clausura do escritor nem sempre é ingrata. Estúpido decoro.
Não há nenhum acrobata naquele que vos ama. Ainda que às vezes pareça.

3 comentários:

  1. Isto sim, são princípios orgânicos de uma gloriosa organização popular! Versos de todos os poemas, uni-vos!!! Parabéns

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  2. Não resisti e voltei. Que bonito! Que palavra tão limitada esta! Que haja caranguejo é o meu desejo!

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