desfazendo mentes confusas> moi e Trindade
para o Capão e o Trindade, dois bonitoes
1
“O meu telefone inventou
de
tomar banho!”,
lastima-se
uma rouca voz
feminina atrás de mim
(“à minha atrás”, se diria
em escorreito moçambicanês),
na tasca onde
sou um mero adereço
da Laurentina (-
uma hospedeira
de bordo que
conheci ontem!).
Melhor, só se alguém
entrasse
para anunciar, foda-se, numas
escavações
do Peloponeso, achou-se
a
gravata do Aristóteles! Dada
a
improbabilidade - até por uma questão
de sanidade - traz-me outra!
2
O MEU SOFÁ
O meu sofá, de tão
coçado,
(- e tanta flor,
para quê?)
é como um
alfabeto inepto
que nunca
reclamou
uma ideia justa
e antes se
afadigou
a trocar uma
ideia
pelo que as letras compram.
O meu sofá, tela
para nádegas tão
ocas
como nozes que a
paciência
de deus esgotou,
recorta, em tudo
o que está
‘scrito,
a imagem dos
ventos
que desenham os
lóbulos
do que tanto
fede no Inferno!
Já foi o meu
sofá, em novo,
terra de assobio
& assalto
a ninfas e
ondinas, era
‘inda o coração
um sobrescrito.
E até amores
teve,
por solene
endereço.
Agora é uma
bandalheira,
qualquer Trindade,
qualquer
cabrito,
lhe acumulam o
pesar.
3
E
se Pessoa, na ocorrência, tivesse fingido ser Fernando Pessoa,
perguntava Tabucchi no livro que lia há cinco minutos atrás.
Não creio que de outra forma tivesse
sido Pessoa, o próprio, digo eu, no momento em que leio que um elefante achou
que o abuso de dois chineses no Kruger Park devia acabar e, depois de tantas
fotos - como Alberto Caeiro -, lhes cagou em cima.
O teu sofá é do caraças...
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