helen mirren como prospera, na ultima adaptacao de A Tempestade |
“Vem fugido do seu fracasso!”, eis a fórmula encantadora com que se designa na Índia aquele que voltou a cair na atracção de Samsara, o ciclo infernal dos nascimentos. Assim estou eu com a poesia, sempre a querer rejeitá-la e ela a soprar-me no pipo. Desta vez foi a releitura do primeiro Acto de A Tempestade, de Shakespeare, que me entornou neste derrame:
TORNAR À TEMPESTADE
para a Maria Joao Cantinho, que continua com cara de castor
O meu pai era tipógrafo,
a sua carranca nascia da máscara
que lhe punham as letras de chumbo.
Mas a sua alma flectida em mim
não me trouxe aos rins
as mais leves golfadas de ouro.
Temo que sob o naufrágio
duma fadiga há tanto anunciada
esplenda a pirite, a matéria amorfa,
a dúbia fracção do que também nele
não achou um atanor alquímico.
Para lá das sombras fixas,
estaleiro donde já não partem
as aves, eis-me como Prospero
retirado de sua arte e,
condoída mudez
aos primeiros relances
de Milão, resignado
a consagrar um de cada três
pensamentos à brasa,
à fundura da tumba.
Olá, António, o castor emplumado agradece a atenção! Tenho saudades tuas e do teu humor corrosivo.
ResponderEliminarbeijo,
mj
a m'a fama com que tu me deixas, esqueceste-te de dizer que tambem sou um pachola ternurento
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