Coitado do Bernardo Soares, que intercala silêncios e intervalos, e para
quem «o verso é uma coisa intermédia, uma passagem da música para a prosa». Fui-lhe
ao trompete e de relance em poucas páginas pesquei estes versos. Inaparentes,
está claro:
Uma gargalhada de criança deserta
fez de canário na atmosfera limpa
Ora as costas
deste homem dormem.
Todo ele que
caminha adiante de mim
com passada igual
à minha, dorme.
A treva
encarvoou-se de silêncio
O vento assobiava
no intervalo do vento
Quando o estio
entra entristeço
e não há mais que
o grande silêncio sem
patos bravos que
cai sobre os lagos
a solidez negra
das árvores
que acenam verdes
em cima
um negrume surdo
calou-se sobre o ambiente.
E súbito, como um
grito, um formidável dia estilhaçou-se
Não há de que
haver arredores
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