Entreguei algumas letras para canções ao músico moçambicano Chico António - vamos ver o que dará esta nossa colaboração.
O CORAÇÃO PISA UMA MINA
Não te
deixes desaparecer.
Sempre
que te vejoo coração pisa uma mina
e não há como esquecer
que fui
seixo e relampejo
e fio de
sangue na tua sinaque os frutos me deixam
louco, depois de te ver.
Mão que
abandonaste
esbraseia o mar num calafriolábios no teu guindaste
ganharam mau-feitio.
Não te
deixes desaparecer,
o
coração se pisa a minanão há como esquecer.
CANÇÃO PARA UM
BIFE MEU AMIGO
Nunca o sol me ladrou
desde que nasci.
Importas-te? O preto fica pra ti,
eu sou da cor que deus me dou,
E tu és da cor que deus te deu.
Não eu, mas a luz
que nos põe bonitos,
dois valdevinos em Vera Cruz.
Vem, vem ter comigo,
essa dor que trazes contigo,
é a sede que nos comeu.
Vem, vem ter comigo.
a trilha que agora sigo
veio da ferida que nos fendeu.
Mas digo e sei que mariola
não tem cor, quem pisa o pé
escolhe com quem não bebe capilé,
e como família só tem a mola -
E mais: nunca o sol me ladrou
desde que nasci.
Importas-te? O preto fica pra ti,
eu sou da cor que deus me dou!
Não esperes, vem, vem comigo cantar
esta canção que uma gaivota
trouxe do mar
onde quem tchova
é o vento, o salpico e a lua
e o gosto de estar junto
em trabalho e na gazua
entre amigos, sem o assunto
que antes fez tanta treva. Este
é um atalho sem má erva
e que nos livra da maldita
que só tem memória para a chita
a que de tanto ressentir à pressa salta,
à toa. Antes o leão,
molengo, até um pouco à balda,
que vai no seu ritmo e em compaixão
mata. Pois cínicos não somos,
nem tu és, meu irmão. Cínico
é quem de mariola
já só pensa na mola. Por isso,
te digo, nunca o sol me ladrou
Desde que nasci.
Importas-te, o preto fica pra ti,
eu sou da cor que deus me dou
Vem é comigo apanhar sol
à Costa do Sol, beber uma beer
e olhar a luz que deus nos deu
e que nos faz iguais ser.
Vem, vem ter comigo,
essa dor que trazes contigo,
é a sede que nos comeu.
Vem, vem ter comigo.
a trilha que agora sigo
veio da ferida que nos fendeu.
Sinto-me um bocado idiota depois de ter revisto o filme sobre o Cole Porter, com Kevin Kline no papel do compositor, e de ter ficado estarrecido com a qualidade daquelas letras, absolutamente estonteantes. Mas enfim, foram as primeiras... há-de a coisa melhorar.
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