para a Maria João Seixas
Morreu o Fernando Lopes. Há muito que se tinha ido
O Belarmino, e sempre ao morto sucede o mirto.
O filme de ambos era feito da energia dos murros no ar do segundo. Com a massa de ar
Que deslocavam moviam-se os charriots.
O Belarmino era um clown a quem tinham roubado
O riso. O Lopes é que o topou, mais àquele seu passo
Desconchavado, no avesso do swing. Se avançava
Para o adversário é porque lhe estavam os calções
A cair, e havia que disfarçar isso com umas piruetas
E alguns lapsos, às vezes com a dor. Morreu o Fernando
Lopes que montava os filmes como uma aula de sapateado
ou a nadar, em câmara lenta. Morreu,
o contrário de um marialva. Veio o vento
E o morrão voou, mas o seu espírito fica.
Foi-se o Lopes, nem sempre nos demos bem, mas ele
tinha aqueles olhos piscos, dois pirilampos
nas trevas de Deus, e no fim soubemos ser justos.
Quem agora acende o fogo para aquecer a abelha na chuva?
coisas mais lindas...a foto, o poema, as pessoas, seus perfumes...!
ResponderEliminarbeijo!