terça-feira, 31 de julho de 2012

CRÓNICA DE UM AMOR DESAVINDO ENTRE UM BOER E UMA MACUA, OUVIDA NUM QUIOSQUE DE RUA

                                                                           andré masson

Ele tem - de resto.

A nuvem enlameada passou

e felizmente não deixou rasto.

Ela não tem - de facto.


O white gosta de nesquik
e às vezes a perua do amor
dá o mais triste fado.

O filho de ambos, o pardo


escrevia com gelo na areia
quando veio uma gaivota, mirava

a mãe um sardão amealhado,

obrar-lhe na meia.


Também a madre superior Joana

dos Anjos sobre a mais alta ameia

da fé foi conquistada

pela gana de sete demónios.


Uma verdadeira empreitada

pois cada um tinha o seu estilo

e de nenhum se quis ela alheada.

Disto sabe lá ele, o white!


Mas alardeia, orgulhoso,

sobre a testa já irisada

o transplante da sua amante,

pontas de volume assombroso


- no facebook é uma risada.

Ela prefere à companhia de um cego

qualquer caloteiro e nos seus quentes hornos

coze os pães franceses mais barbinegros,


e um que até é corcunda

quer levá-la ao México, a Tampico,

para a açoitar c’ a funda.

O filho é que não lhe perdoa e virou pico.

1 comentário:

  1. A irónica sátira é. por vezes amarga; o olhar do autor circunda a realidade que o amordaça e simultaneamente lhe dá voz- Fica-se entre a crítica socil, a denúncia e a análise de situação. Nem sempre o white gosta de Nesquik e nem sempre a cabeça se ornamenta; porém bem sabemnos que é quase sempre assim, mesmo que o white ou o black não tenham a testa já irisada. Basta que o bolso esteja menos fornecido para os desejos de fantasia e de ostentação.

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