sexta-feira, 24 de maio de 2013

12 x Karl Kraus = 13

 
 Doze aforismos do pensador austríaco, As versões são minhas, feitas a partir do francês e do espanhol
 
O fetichista é o ser mais infeliz do mundo, porque deseja o sapato alto da mulher e tem de contentar-se com a mulher inteira.
 
A língua é a mãe, não a filha do pensamento.
 
O efeito, diz Wagner é sem causa. A arte é a causa sem feito.
 
As ideias pessoais nem sempre devem ser novas. Mas quem tem uma ideia nova pode facilmente tê-la de um outro.
 
Não há nada mais enferrujado que o chauvinismo e o racismo. Para mim, todos os seres humanos são iguais: carneiros que encontro em qualquer parte, aos quais desprezo por igual, sem nenhum tipo de preconceito mesquinho!
 
Se eu estivesse certo de ter de compartilhar a imortalidade com certa gente, preferia o esquecimento, mas em quartos separados.
 
A política social é a desesperada decisão de extirpar os calos a um doente de câncer.
 
Existem duas classes de escritores: aqueles que o são e aqueles que o não são. Nos primeiros forma e conteúdo entrosam-se, como alma e corpo, nos segundos, forma e conteúdo vão juntos, como corpo e vestido.
 
O que entra facilmente por um ouvido sai pelo outro com a mesma facilidade. O que entra com dificuldade sai pelo outro com idêntica dificuldade. Isto é mais valioso para o escritor que para o músico.
 
A ética cristã logrou transformar as cortesãs em monjas. Por desgraça, também conseguiu transformar os filósofos em libertinos. E, graças a Deus, a primeira metamorfose não é muito segura.
 
Punha as suas convicções acima de tudo, até da sua vida. Mas tinha espírito de sacrifício e, quando chegou o momento, abandonou com gosto as suas convicções para salvar a sua vida.
 
A arte faz-se humilde diante de um presente que se sabe superior à eternidade.

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