francesca woodman: o harmonioso fim-de-semana que não vou ter
para o Jorge P. Pires
Como medir o círculo sem fim de uma lágrima arrancada a Deus?
Como medir o círculo sem fim de uma lágrima num mundo sem Deus?
Como diminuir o círculo da dor se se amplia o desconhecimento sobre o paradeiro da origem?
Em que cicatriz se enterra o seu raio?
Estar face a face com o caixa no Banco, que me anuncia:
"a sua transferência ainda não caiu!"
e não ter lágrimas como a que cavalgava aquele tigre entre as nuvens
(aquele tigre-concertina de cujo hálito nasciam os ventos)
ou não ter o incisivo da alimária para lho enterrar até à glote,
numa reiterada estridência!
Merdre.
Animar tanto que é visível, quanto o que é
subterrâneo, é agora o programa do fim-de-semana.
Talvez ir com as miúdas ao aeroporto, medir a graça
(o airoso empinar do nariz) com que os aviões descolam,
enquanto as industrio sobre a inegável presença do número.
Peut-être, ó nomeado, possas aí descobrir
como alguns prescindem das inermes preocupações materiais,
enquanto ficaste preso naquele rio roto, no calcanhar do pé dela.
O poema é o detalhe total, diz o Jouffroy,
e eu sem apelação, galo que plange face à afiada sirene do navio,
pergunto, alguém me empresta o Zalmoxis?
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