Dorme-se mal, depois de um naufrágio assim numas eleições. E o pior é saber onde. O meu recanto na cama está ocupada pela Jade, de três anos (a finarem), atravessada sobre o tronco da mãe. Acabo por ir para a cama dela e deito-me a ler. De frente para a Luna, de cinco anos, que dorme na cama geminada. Felizmente que a luz não a perturba.
Primeiro é um pé que me toca na coxa, depois a mão que se estica e me agarra o cotovelo. Viro as páginas com cuidado, mas sorrindo, pois ela parece dirigir um manípulo.
Acabo por fazer um poema nas guardas do livro:
Estira-se ao sul a minha vida.
Tem uma ilha defronte.
Tosca e suave. Por ela leiloo
todo o ar que respirei
e o restante que está a monte.
Ex-erma a minha vida.
De trevo miúdo o chão da ilha.
Deuses remotos, homens
perdidos… pero la luna!
Tem um urso sobre
o peito, a minha ilha,
e faz oco quando dorme.
É a minha filha. Um pomar
de gotinhas de chuva.
Dorme, e vai num batel
que inflama a minha vida.
Lindo !!!
ResponderEliminarAchei muito bonito, me lembra algumas partes da infância, a garotinha tbm é muito linda, que Deus abençoe ela e toda familia ^^ como é bom sentir amor so de olhar as coisas...
ResponderEliminar