sexta-feira, 1 de novembro de 2013

ELUCIDAÇÃO DOS VENTOS SOLARES

                                                 a mensagem das baleias, alice w r




 
1

Cabeças expectantes como carvões
a quem ventila
a chaga da memória

e que só pela mutação têm repouso,
no mínimo viável que antecede

a elucidação
dos ventos solares,

uma ambulância azul
e sem um vinco por fora,
à imagem do céu,

enquanto
por dentro ardem
sementes dum amor
irrestrito

como o primeiro piri-
piri na língua
quando até a água foge

do Deus que s’esconde.

 

 

2

Sonhemos com as coisas imperfeitas,

a uva num pires quando nos abre a porta
a vulva, no canapé,
that

o amor na vulnerabilidade
dos que não se admitem ensimesmados
that

o pasmo na ausência qu’
inebria as ruínas,

não receemos as coisas imperfeitas,
o ar rarefeito da montanha
expande o olhar

descasco-te a laranja?

a fuga que lucilou
nos teus olhos perdeu o horário
do comboio
sob os ulmeiros.
do you remember?

Amemos as coisas imperfeitas;

quem perde a vida lubrifica-a
na discrepância
that

 

3

Não supunha que pudesse crescer
para dentro, colarinho
no pescoço
de outros nomes,

afinal, nem só a pele
descartável da cobra
pesponta
no vazio,

desassossegando luas
entre os áugures.

Quem envereda p’los sismos
do amor
encaracola
na liberdade,
dorme na esteira.

Não supunha.

Ou que albino,
o vento, me assarapantasse o guarda-
-chuva
e soassem clamores

o desejo da tua língua
na vara
             líquida que
torna habitável o inferno.

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