JE SUIS OXANA SCHACHKO
Tinha o nome de uma princesa maia, de leve
reminiscência ucraniana:
Oxana Shachko.
Nos seus olhos havia watts
para abastecer os luzeiros,
da terra ao céu
e volta, embora lhe fosse
triste
o sorriso. Aos doze anos
cismou entregar-se
a um convento e pintar
ícones
como André Rublev. Aos vinte
e dois,
num idêntico fervor místico,
desnudava os seios e gritava
em lugares públicos palavras
de ordem
contra a violência
falocrática e
os esbirros de Putin. Era
sua
a cara da República e
admita-se finalmente
que a sua beleza foi quem
tentou
a serpente no Paraíso,
insistir
no contrário é pura
ideologia.
Aliava à voz macia a decisão
de uma mártir e, benza-a
Deus, possuía uma fotogenia
que a fazia tremendamente
única, mesmo
se a acompanhasse pangolim.
Por isso bebo há dois dias
inconsolável,
ensaiava uma declaração e
o Edgar Pera gravar-nos-ia a
boda.
Adorava enforcar a corda
com que se suicidou, aos
trinta e um anos,
a diva do Je
suis Femen. E nem sequer
falo do esplendor da luz na
sua pele
ou das suas pinturas da
Virgem
porque, bárbaro como sou,
fico embargado.
nice picture, i like it
ResponderEliminarÉ como sentir a evanescência do presente que nos desflora os sentidos e nos coloca interrogações.
ResponderEliminar