miró, que fez várias litografias para Radovan
OS PASSOS DA MORTE
Nos vagares de um vento lazarento
pelas mais densas florestas
betumadas as raízes numa mão imensa
que pulsa no coração da relva sombria
ao redor da pedra
no topo da surdez dos abismos
na noite anoitecida
pelas orações ensurdecedoras das conchas
no vento
no vento
a
a
v
e
desfolhou-se.
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Tudo em redor luzia nas mesmas trevas
Que levaram o teu coração
A achar um pássaro na gaiola.
Sonhemos então,
Nascidos de um riso nas lágrimas.
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Ah, com as tréguas do tempo
posso eu bem,
quando pacifica e as mãos em concha
acomodam o bule.
Já não sei que lhe faça
quando tagarela como um insone.
Ah, viver como animais
e escrever como homens,
isso é que era, ver como
na avalanche da minha infância
a pedra do e rolou
e degenerou num a,
isso é que era.
Mas o apelo à eficácia, esse
entalhe dos desertos
que sósializa a vida,
não deixa
que se vulcanize a alegria.
E que eu faço eu ao tempo
que não se cala?
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A secura daquele beijo
foi devorado até ao osso.
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Baralhou todos os joelhos da sua vida.
ou foi por eles baralhado?
É quase um prodígio ficar tão à nora,
do lado de fora de joelhos
que como preciosos tentáculos o agarraram à vida
em álgidas noites de inverno.
Mas qual deles calou mais fundo em si,
escondido nos eflúvios?
O vento evade-lhe os nomes
e já os pormenores são trevas.
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O vento folheou a ave
até ao fim
na sua primeira lição de geografia.
Depois ficou transparente
a tal ponto
que a ave voltou ao ovo.
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