Fui ver o filme Os Mestres da Ilusão.
Gostei e odiei.
Gostei por ser de facto
um grande espectáculo, de que se sai momentaneamente saciado.
Odiei porque o guião é
absolutamente desonesto para com o espectador e a solução «deus ex-machina» com
que a narrativa no final ata os seus nós é tão engenhosa como da ordem do
embuste. Apesar da trama ser congruente com as “leis” do ilusionismo, e de o
artifício ser anunciado desde o primeiro instante – portanto nada a obstar do
ponto de vista da construção de uma trama para a qual a verosimilhança não é chamada.
As minhas objecções são
morais.
Este filme faz-me
lembrar outro êxito e outro filme engenhoso, cuja chave só se dava no último
plano: Os Suspeitos do Costume. No
qual, só no fecho sabíamos que o coxo afinal não era coxo mas o maior dos
vigaristas. O “problema” é que o
espectador havia sido induzido por uma mentira desde o princípio e quando as
regras é não se ter regras então “tudo é possível” e aquilo que aparecia como
um grande achado (final) no fim de contas não passava de um processo imaginoso
mas que não era verdadeiramente imaginativo, ainda que o parecesse (e a
diferença entre uma coisa ser imaginosa ou imaginativa é vital para a distinção
entre a arte e o comércio).
Gostei mas este não é o
meu tipo de cinema e como escritor (e de guiões também) teria dificuldde em embarcar na facilidade/felicidade com que a construção desta trama manipula a boa-fé do espectador, mas pronto, este é uma
escolha e um prurido meu. Parvo sou, e é tão fácil, basta enganar o espectador –
pão e circo, lembram-se?
Aposto que o Inferno do Dan Brown, estará a caminho do
1º milhão de livros vendidos.
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