sexta-feira, 19 de junho de 2015

A CICATRIZ DE DEUS

                                                                          Seráphine

Em dado momento, estive para fazer acompanhar a narrativa O BEIJO NO ARAME (um dos dois corações de «Éter») de três contos mais curtos onde retrataria, “supostamente”, o meu pai, um tio e o meu avô, três figuras muito presentes na minha infância e que raramente surpreendi em manifestos gestos de ternura. Não quer dizer que tal não pudesse acontecer, mas o mais vulgar era a retranca, o pudor.
E, claro, em todos os contos misturava-se a descrição de alguns acontecimentos inspirados na realidade e o que inventei livremente, num vislumbre que nunca poderá ser “puro”, pois não cabe à literatura a tola pretensão de iluminar o retrato de alguém, e antes lhe é inerente realizar uma liga em que a dosagem equilibrada de plausibilidade e mentira acaba por traduzir uma certa confiabilidade narrativa.
Ou seja, estas personagens, recriavam mais a atmosfera da época e do carácter, às vezes violento, que esta imprimia às personalidades do que procuravam ser lidos como réplicas exactas dos meus familiares.
Este jogo e esta ambivalência é que fundam a literatura. Nada foi assim exactamente mas tudo “podia” ter sido assim, propriedade que Aristóteles atribuía à “poesia”, na sua Poética.
Depois de ter recuperado um computador que julgava perdido, reli então, ao fim de três ou quatro anos de "gaveta", este conto sobre o "meu avô", e aqui o deixo:

A CICATRIZ DE DEUS
1

Quem me vir agora, em anorexia pilosa, compreenderá porque ainda hoje te invejo o farto cabelo solto, seda a que o vento emprestava uma asa de corvo albino.
Via-te no parque, em miúdo, sem ousar falar-te ainda. Descia as escadas para o jardim e corria até à bica. E reconhecia-te num dos bancos que a ladeavam. Atrás dos papos que te escondiam os olhos piscos, adivinhava um olhar benevolente, embora nunca tivesses desarmado nem o pudor nem o seu muro.
Nunca me incitaste a dirigir-te uma palavra.
Depois, fazia chiar o portão do parque, pagava à tosca da vigilante (havia lá camafeu mais horrível!) os cinco tostões, o pescoço torcido na tua direcção, na esperança de que me tivesses seguido pelo canto do olho. Fazia o mesmo quando subia ao escorrega, lá de cima, antes do impulso para a descida sondava o teu grau de atenção aos meus movimentos. Davas à palheta com outro reformado, apaparicavas uma mulher da tua idade, numa macaqueada animação trivial – mas nunca olhavas para mim.
A primeira vez que te vi foi no lago do jardim. A minha mãe sentava-se no pétreo banco em semicírculo que serve de rodapé ao painel de azulejos de Cargaleiro, e eu corria à volta do lago: um desenfreado cometa com uma cauda de pombos. Atirava o milho para trás das costas e fugia, excitado e temeroso, enquanto um magote de aves espanejava o ar, debicava-me os ombros.
Acabado o pacote sentei-me ao lado de um velhinho, na outra ponta do semicírculo. A minha mãe teve uma expressão de dissabor. Eu catava um último grão de milho, e o idoso estendeu-me a mão com três, embrulhados num sorriso. Aceitei-os, e atirei-os aos pombos, que calcorreavam a borda do lago. A minha mãe levantou-se e firme, embora compassiva, pegou-me na mão e silvou boa-tarde para o idoso.
Seguimos num ritmo musculado e subíamos a escada do jardim quando ela anunciou, aquele é o teu avô.
Só pelos nove anos, já eu ia sozinho para o jardim há pelo menos dois anos, é que me dirigiste a palavra: então toninho, dá cá uma bacalhoada! Entretanto, eu fixava-te do alto do escorrega e vinha-me, salteada, como o bouquet saído da cartola do ilusionista, a dúvida - foi mesmo ele quem espetou uma faca de mato na avó?

A cicatriz não deixava dúvidas. Entrevia-a sete, dez vezes, entre a alça da combinação - um bom palmo de farpas. Uma vez pedi-lhe, avó, deixa tocar. Foi a única vez que lhe toquei nas costas, na linha das omoplatas, na cicatriz; foi a última vez de que me lembro de lhe ter visto quase as costas inteiras, de uma ofegante magreza moldada em parafina.
Habituou-se a fechar a porta quando vinha do banho, ou a apagar a luz antes de vestir a combinação, apesar de eu dormir no quarto com ela.
Às vezes pergunto-me se ela não me queria enlouquecer com a sua fantasia sórdida, fúnebre, acordando-me a meio da noite para me perguntar se não ouvia os espíritos a arrastar correntes no corredor ou se não divisava as figuras que ela via no escuro. Anos a fio. Era tremendo, mas, hoje, nada me é tão real como o toque naquela cicatriz, áspera, encordoada, que se lhe derramava pelas costas como um promontório; nada havia de tão concreto naquele quarto que se assemelhasse às costas dela na penumbra e ao meu conhecimento de que aquilo estava ali, emaranhado na sombra, selvático, como o mexilhão na pedra.   
Entre o jardim e o ginásio havia uma loja para artigos de caça e pesca. Todos os dias parava na montra a olhar as diferentes facas de mato expostas, a avaliar a espessura, o gume, a dureza do aço, se consoante a penetração e a incidência o sangue sairia aos esguichos ou borbotões, ou como um manto. Anos de secreta inquirição.

E um dia, não longe daí, vou a entrar com o meu pai no mercado e tu estavas lá, à entrada, apoiado na bengala, ao lado da tua mulher, a Natividade, a merda da coxa como a minha avó a tratava, que segura um saco com cabeças de corvina. O meu pai detém-se e cumprimenta-vos, sem brandura nem desdém, e tu apontas-me a tua mão larga e os cinco dedos abertos em espátula: então toninho, dá cá uma bacalhoada!
Porém, as coisas só se começaram a desanuviar anos depois. O meu pai havia comprado um terreno na Aroeira e, pobre, e desasado em qualquer ofício, há-de precisar de dois auxiliares preciosos para a construção do seu refúgio de fim-de-semana: de mim, como aprendiz de pedreiro (o que eu hei-de odiar aquela garagem com primeiro andar e vista para o pinhal) e de ti, como verdadeiro artífice dos sete ofícios, o único arquitecto e mestre-de-obras daquela construção, a que nem o teu reumático tolda a precisão e o engenho.
Eu teria doze, treze, anos e odiava ser tirado da cama às cinco da manhã para apanharmos a carreira das 5h30 para a Fonte da Telha, parar a quatro quilómetros do terreno e embrenhar-me pinhal dentro, encalacrado de frio, batendo os pés contra a caruma, enquanto o caliginoso silêncio do me pai me precedia. Bufava e interrogava-me, no sem sentido daquelas sendas, como podia o meu pai perdoar-te. Sim, porque ele vira, ele estava no quarto no momento do acto. Não sabia ainda que a vida é um novelo tão emaranhado que acontece reencontrarmos na volta mais inesperada o fio do perdão.
Quando chegávamos lá estavas tu, enfiado ainda na tua carripana; aquela geringonça que montaste com peças desirmanadas de mota, uma gaiola metálica, restos de lona, e duas rodas de lambreta, um verdadeiro riquexó motorizado - o único riquexó nos anos sessenta, em Lisboa e arredores, e que à mera passagem me enchia de vergonha. Tiravas então as luvas, as mais carcomidas luvas de cabedal de que me lembro ter visto, apontavas com o queixo os caboucos e os tijolos e prometias, hoje temos trabalho toninho.
E deus me perdoe se eu não te mandava para os entrefolhos da tua mãe naquele mesmo instante, o espírito errante, furibundo, sentindo aflorarem nas veias as primeiras lâminas de xisto. Mas batia com os pés na caruma e procurava ouvir os pássaros, prometendo não perdoar nenhum lacrau naquele dia, esmagar com o sacho a mona de um rato.
Bebido o café começava a jorna.


2

- … Vê lá se os miúdos não estão a ouvir…
- Estão a dormir…
- A porta está bem fechada?
- Tá…
- Tanto melhor, eu não quero que o toninho saiba alguma coisa disto…
- Mas disto o quê?
- Do que tu sabes e não queres falar…
- Ai… já me estás a enervar… do que é que estás a falar…
- Das reuniões que o teu pai faz lá na Aroeira…
- Que reuniões? É do culto. Conheceu lá uns rapazes nas obras que têm o mesmo culto que ele e pediu-me a casa emprestada para o culto, enquanto eles não arranjam outro lugar…
- Mas que culto, António José? Tu que nem permitiste que os teus filhos fossem à catequese…
- É o meu pai, não lhe podia dizer que não.
- O teu pai que te desgraçou a vida.
- Águas passadas…
- Tu não vês que não é culto nenhum… fui lá ontem buscar umas hortaliças e fiquei em estado de choque com o que encontrei debaixo da cama…
- E que é que encontraste debaixo da cama?
- Uma caixa com armas, para cima de trinta espingardas… não sei que culto é esse…
- Eu vou falar com ele, só pode ser engano…
- Engano? Eu vi.
- Ele só anda na igreja…
- Que igreja precisa de tantas armas?
- Se calhar pediram-lhe que as arranjasse, ele arranja tudo…
- Sim, panelas, bicicletas e motores… e agora gatilhos… abre os olhos, António José…
- Mas de que falas?
- Não vês como ele ficou alvoroçado por causa do 25 de Abril… com a subida ao poder do Vasco Gonçalves? Aquilo mexeu tanto com ele que até lhe curou o reumático…
- Lá isso foi… - concordou o meu pai, rindo –, anda num virote político, mas ele tem 70 anos…
- Sim, e foi da Legião Estrangeira… e foi um salazarista encartado, e teve dez anos de cadeia…
- Isso foi por causa da minha mãe…
- …onde conheceu toda a escumalha do mundo… Garanto-te, António José, ele anda a preparar alguma… e não é boa. Sabes quantos homens o teu pai mandou para a cadeia? O teu irmão Joaquim nem lhe fala por causa disso…
- O meu pai? Não é certo que ele fosse da Pide…
- Tu não queres é ver… ó homem abre os olhos antes que ele nos traga cá para casa a desgraça. Tu não vês como anda o país, uns contra os outros… só nos faltava o teu pai a preparar qualquer golpe ou a querer matar um comunista… vinte e tal espingardas, António José…
- Vou amanhã falar com ele…
- Não vês que perdemos tudo? Levaste três anos a construir aquela casa… é tudo o que temos…
- Já disse, vou amanhã falar com ele.

Eu, atrás da porta, estava zonzo. Levantara-me para ir urinar, ouvira-os cochichar, e nada atrai mais do que um segredo que procura esconder-se. O que acabara de ouvir atordoava-me sobremaneira porque no último ano e meio tínhamo-nos aproximado muito, eu e tu.
Com a queda do fascismo houve em ti uma mudança de comportamento, de repente estavas mais expansivo e loquaz. Como me explicavas, as tuas veias tinham entrado em degelo. Permanentemente alerta e à coca com tudo. Deixaste o jardim, onde te reunias com outros reformados, pelos cafés, pelas reuniões políticas. Juntavas – havias-te tornado evangélico nos últimos anos - Cristo ao fervor da mudança política. E se naquela altura era difícil propor sequer uma aliança semelhante!
Rejuvenesceste dez anos e entregaste-te ao trabalho social voluntário. Uma guita desatara-se em ti e desfiavas histórias de heroicidade militante e clandestina que me assombravam. Em 73 e 74, inclusive, garantias-me, a casa da Aroeira servira de esconderijo para “camaradas” que precisavam de dar o salto, ou de esconder-se. Sem que o meu pai soubesse, era um segredo nosso, obrigaras-me a jurar.
Eu tinha 16 anos e precisava de heróis. Sentia que pertencia a uma geração a quem fora roubada a revolução, a heroicidade e o sacrifício, uma geração pós tudo e bastante desapontada por encontrar já formatados os desafios políticos e morais. As tuas histórias davam uma genealogia, uma legitimidade aos meus vagidos políticos e até me haviam dotado de uma certa aura junto do sexo feminino. Fora-me em tudo vantajosa a tua mudança.
Percebia de repente que sempre me mentiras, que afinal estavas do outro lado e que a tua actividade social não passava de fachada, de espionagem ao serviço de interesses ínvios. Dançavas simplesmente consoante a maré, um vira-casacas.
Se o meu pai não resolvesse prontamente a questão das armas, eu mesmo te denunciaria, prometi-me nessa noite.
Contudo, não fui capaz, e não me perdoei pela fraqueza. Estive dez dias sem te ver e quando te enfrentei, perguntei-te de chofre:
- O que é que te deu na gana, para espetares uma faca na avó?
Pigarreaste, precisando:
- Foi uma grosa… uma grosa…- Depois observaste - Um bêbado de mau vinho é um homem que cai do seu próprio galho! Um bêbado de mau vinho é um homem que cai do seu próprio galho!...- Repetiste, uma meia dúzia de vezes antes de justificares - O coração da tua avó era mais seco que a minha pedra de amolar e quis ver se com a grosa ele soltava faísca...
Enquanto pestanejavas, emborquei um cálice de aguardente, o meu trigésimo terceiro cálice de aguardante, de que me servi sem que tu me ousasses impedir; prosseguias:
- Não é das coisas de que me orgulhe, mas em tempos de miséria ou temos em casa o amor da mulher ou ficamos mais pobres… se até o pão ázimo nos tiram não sobra mais nada, percebes? Quando aos 60 me virei para Deus foi como se estivesse a trepar de novo ao galho onde podia ser um homem. Antes era mau, um homem soberbo, a quem só alegrava a bebedeira do sangue e não a de Deus...
- Merda para Deus… - Atirei-lhe e saí.


3
O pastor pôs um ar de extremo compungimento e declarou:
- É com imenso pesar que tenho de lhe comunicar que a nossa igreja não pode continuar a manter o seu avô no nosso asilo… como sabe é uma prática nossa e temos seguido esta prática sem desfalecimento, mas neste caso não podemos transigir…
- Sim, mas porque me chamaram a mim? Tenho irmãos solteiros, primos, que poderiam acolhê-lo mais facilmente… ou que falam com ele. Mais próximos dele. Eu não o vejo há 15 anos e não temos contacto…
Bateu com o indicador no vidro do relógio, no pulso, antes de o levar ao ouvido:
- Desculpe, estas quinquilharias de agora… - Pousou o pulso vagarosamente sobre o tampo da mesa, tapou a montra do relógio com a outra mão e olhou-me com gravidade - O seu avô só quer falar consigo, diz que tem uma coisa para lhe dizer que só o senhor pode entender…
- Hum… muito me surpreende. Mas, diga-me, o que é que ele fez para se tornar impraticável a sua permanência no asilo…
- O seu avô nos últimos dez anos foi um grande pastor. Era um homem de fé e que achou o seu fogo na palavra…
- Está a falar do meu avô? – Perguntei incrédulo.
- Sim, sim, sabe, nós nunca conhecemos inteiramente as pessoas que estão ao nosso lado. E como estiveram tão afastados, é compreensível que lhe pareça estranha a mudança que houve nele…
Ironizei:
- Mudança? Quais delas?
Ele continuou, impassível:
- Eu não conheço bem o passado do seu avô, digamos que provavelmente havia ali muitos nós que precisavam de ser desatados e que no seu contacto com a Palavra do Senhor diluíram deixando o canal liberto para a Palavra Viva… era um encanto ouvir o seu avô numa prelecção. Parecia que as palavras lhe chegavam ditadas directamente… - E apontou para o céu…
- Portanto, digamos, ele desatou a sublimar erros passados, erros ou horrores…
- Talvez seja como diz, mas o seu avô até há um ano era quase um santo… e ajudou muita gente, com a sua Paixão e a sua persuasão…
- Que houve de novo?
- Bom, o Pastor Manuel Domingos é um homem de muita idade… fez este ano 88 anos.
- E manteve todo esse fogo como diz, essa virtualidade de raciocínio até o ano passado?
- Sim… e podemos dizer que algum raciocínio ainda se mantém…
- Não percebo então.
- O ano passado, o seu avô teve um AVC.
- Não sabia, estava no Brasil.
- Uma coisa pouca, mas tinha falhas de memória, fugiam-lhe as palavras, deixou de se conseguir concentrar muito tempo e, sobretudo…
- Diga.
- Perdeu o chip da moral…
- O chip?
- Temos de nos adaptar aos tempos… O Irmão Manuel Domingos foi recolhido no nosso asilo e após dois meses de tratamentos e de descanso começou a receber visitas. Não foi logo, mas as coisas há três meses que perderam completamente o controle…
- Continuo sem entender…
- Como era um elemento muito querido da nossa igreja, o Pastor Manuel Domingos recebia muitas visitas dos nossos irmãos de culto… e das irmãs, velhas e novas…
- Hum, hum…
- Há três semanas, uma fiel nossa, Joana Emília, uma jovem acima de qualquer suspeita moral, veio queixar-se de que o seu avô lhe pediu para ela lhe mexer no sexo enquanto ele lhe lia os salmos de Salomão… No dia seguinte apareceu nu, em erecção, e a blasfemar, à irmã Dolores, a quem quis violar… tem sido assim, sem descanso, e até à minha mulher já pediu para lhe fazer sexo oral…
Brinquei:
- Deixou de sublimar, portanto… - A perplexidade moveu-lhe a maçã de Adão, como se fosse uma bailarina em pontas. Continuei, mudando de registo: - Compreendo. Não sei ainda como vamos resolver este caso, tenho de falar com os meus irmãos primeiros… mas presumo que algo precisa de ser feito nos próximos dias…- Anuiu com a cabeça - Assim será feito. Posso então vê-lo? Quero saber o que ele me tem para dizer.

A juba não tinha perdido um cabelo. Estava apenas um pouco mais baça como o pêlo branco de gato viciado em nicotina. No rosto, o pergaminho redobrara as estrias e o nariz, para surpresa minha, estava mais afilado e curvo.
Não me viu logo. Sentado na cama, que me parecia um catre, olhava pela janela. Acima da cabeceira havia um crucifico com a cruz forrada em veludo vermelho.
Quando deu por mim não se sobressaltou, como se eu apenas lhe tivesse ido à rua buscar o totoloto. Olhou-me apenas demoradamente, sem mudar a expressão, fazendo-me sentir examinado milímetro a milímetro. Só depois sussurrou:
- Toninho… - E puxou a minha mão esquerda para o meio das suas. Só me restou sentar-me ao seu lado.
Fixou-me nos olhos, o azul estanhado das suas íris continuava penetrante. E então os seus lábios mexeram-me e sussurraram:
- Naquele caso da tua avó, Deus é quem segurava a faca…
- Olhe, então merda para si… - respondi.
Arranquei-lhe a mão da mão e saí.



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