Escreveu-me Ozo. Está em Katmandu. Enviou-me os poemas que edito em baixo. Em cima o postal que há uns meses me mandou de Pompeia.
para o António Claudio Zamagna
1
Mais honrados os dias
em que o amor
nos levava à cicuta.
Agora já nem a adaga do
sémen
mata,
Oh Lord,
nem o cavalo excitado
escoceia,
até se julgar na Escócia,
o clítoris renitente.
2
Não confies no seio
que se entregar
solitário.
É avarenta
a sensibilidade em oferenda
que não dê como penhor
a própria sombra.
3
Julgas tu
que a batota
te aumenta o valor
no penico?
4
Se escrevia: OVO,
ou se lia a palavra,
via logo dois seios e
um decote,
e nem ler a Bíblia
lhe emendava a erecção.
Aprendeu a meditar
esvaziando os vês
ou trocando-os pelos
bês,
até para evitar o
colesterol.
5
Tinha mais pregas
no olho do cu
que serrilhas tem um selo
pra Katmandu –
E lâminas lhe nasciam
do olhar
de lambisgóia.
Mas nunca o seu transe
me caiu no goto,
nem, sendo Helena,
alguma vez se descaiu
com o preço duma
passagem
para Tróia.
Por isso quando
aparecia
eu ocupava-me com Las Moradas
de Santa Teresa de Jésus.
6
Tocava ferrinhos na filarmónica.
Eu mostrei-lhe o Contos
da Loucura Normal,
com a Ornella Mutti
nua à janela
e depois
hic et nunc
o veludo do meu ferrinho
vibrou no seu triângulo
a pé-coxinho.
7
Não capriches tanto.
Tanta pimenta e colorau
tira a pica
ao mais pintado.
A rigor, basta a nu,
talvez uma pitada de louro
e alho
mas sem fritar demasiado
os grelos.
A cultura, ah sim,
quer-se cozida
mas quanto mais
profissional
o pau
mais cru se solicita.
8
A inveja que lhe tinha,
dava o cu e pronto.
Não havia dedais entre
ele
e os dedos.
Ganhar a vida
honradamente
é um longo processo de
demolição,
como sabia Fitzgerald
que foi cornudo
cem vezes
e sem aspas.
Ah, foder com os dentes
do siso
sem nos anilhar
a epifania do amor:
dar a piça ou dar o cu
com a prontidão
de quem não conhece
relógio de ponto,
eis a filosofia
que me apraz
ensinar ao esterco
dos meus alunos.
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