a pontapé nestas missangas compradas,
na ilha que foi nossa e dossel dos mitos,
imortal que se
suspendeu pelo calcanhar
do tempo, cativo como
Aquiles de narração
que o diga. A escala irracional
do Hospital
da ilha, colunatas e
pavilhões neoclássicos
onde hoje só lagartos e
musgo remoemcontristados os arrazoados de Job sobre
os não-sentidos de
lamentar qualquer dor,
é um modelo da loucura
de conceber por Arquitecto
um mui grão apreciador de
babas de caracol.
Deus em cujo selvagem apetite
se engendrou o
esquecimentode ser incriado – magnífica
que lhe colaria ao rosto as máscaras
duma beleza que não esmorece –
contagiantes os narradores – não obstante
lhe falecer o gosto de ser inominável.
da ilha, passada a ferro, como se
fossem palmeiras os túmidos pêlos
Percebe-se que tenha conhecido aqui
Bocage os descaminhos da sua sombra.)
– irá para que Islândia a carta que esta ruiva
´
exibe, na sua quase nudez, na praia da Fortaleza? –
ou não fora superior na salamandra
a necessidade de mergulhar no fogo
é, inelutável, a invariável solidão –
a de não ter fiéis e permanecer mudo
ou a de ter finalmente um quarto medieval,
cama românica, e nenhuma dama disposta
drama é o labirinto a que não se descortina
fundo, labirinto de uma atracção velhaca
que o Lowry escolheria para plateau
de uma sequela de Debaixo do Vulcão,
duma vitalidade que não foi refractada
pelo peso da História, sendo a sua decadência
o último manjar dum condenado. Deus
é o labirinto anterior à sua designação,
que só sabe conjugar-se no presente, como a trama
da Penélope macua que tem lulas na vagina
lábia e só igual à dos efebos que se oferecem
como guias, em visitas às despovoadas ilhotas
a olhares pios, gregos e troianos, que não dançam
como Zorba. E quer Deus, neste enredo
amplificada, radiante, que lhe permite sorver
a melancolia de haver sido
- ridícula a estátua verde de Camões,
num aperaltamento de musas tangidas
aos versos em que Sena pôs o vate
a defecar sobre as moralidades vindouras
e sobre o Índico que
tudo lava,
da garoupa vermelha à
unha sujacom que esta mulher nos serve o pão.
que nos vendeu ao pataco de uma
estória, pela alusão de uma melodia
Os fortes ventos das entranhas da terra
(bom-dia Kafka), não esqueceram a ilha,
espesso e quente que não oferece evasão,
isentando qualquer gotejar da culpa.
Ah sim, aqui aceita-se
o terror da existência,
cambiada em carne a
esmo, e lenta como a desova das tartarugas. E no interim insista-se
como objects trouées e nos muda em trouvés,
objectos de desejo e partilha, corações
ilude mas singulariza: algoritmos, aprovaria
um matemático. E nesse transe de auxiliar
há que premir, a meio da sua presença,
o interruptor do tangível, de forma
ou nos desperte – gemidos de cobre
sob uma fina filigrana em ouro.
do hotel: que poeta, antes de mim,
a nomeou assim, mesmo antes de saber
se tem lulas? Fora, é
nítido – ainda
que esteja a ser
generoso – que Deus lateja nas figueiras de benguela, centenas,
que não passamos de hóspedes em terra.
Ah, ser-com é tudo o que se pede
na ruptura da sintaxe, revelemos uma inédita
conjectura intrigante ou apenas o desejo
capazes de vender. Como Deus, suponho,
que anseia sempre por cerejas
onde não as fez brotar,
e com isso reaproxima
as regiões distantes. Sim,
Tu, meu mestre,meu senhor e guia, vê como renasce no teu âmago
à espera, e eu mula, isto é, nada –
ou seja, nauta do nada que é tudo.
NOTA
Lulas: assim chamam as mulheres macuas aos pequenos e grandes lábios vaginais que, ritualmente, puxam e deformam, dando uma forma diferente à sua genitália
Nao sou grande adepto das teorias da angustia da influencia, mas nao consegui evitar ouvir na reflexao o "ruido rouco, rouco das cigarras de Knossos" do David Mourao Ferreira. Uma ligacao de todo inesperada.
ResponderEliminarengraçado, Tiago,o David é autor que leio pouco, mas o seu comentário deixou-me curioso, e como tenho comigo a obra completa dela, vou espreitar...
ResponderEliminarachei interessante partilhar o video qui encontrei sobre a ilha de Moçambique no tempo dos portugueses quando inauguraram a ponte nova em 1967. uma autentica romaria como em qualquer região do norte de Portugal, com o padre a benzer a obra, o desfile da banda dos músicos, os escuteiros, os carros alegóricos até um carro com uma casinha dos locais com o teto em palha? as rainhas do desfile, o fogo de artifício, os sinais de trânsito novos, e um grande número de carros á espera para estrear a ponte nova:
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=pLXQ5TbNnHU
desejo as maiores felicidades ao povo de Moçambique e a salvaguarda das belezas desse país
Angela