quarta-feira, 5 de junho de 2013

A PRETO E BRANCO

                                                                        saul leiter.
Passou o dia do branco para o preto com uma notícia que recebi. Por isso só me resta "aliviar-me". Alguns tercetos:


A PRETO E BRANCO

Janela roubada, a minha vida
eu que em miúdo assoava
o nariz aos navios.


Os alunos estão a regressar a conta-
gotas. O professor funga, receoso
de que o seu estado líquido seja irreversível.


O bosque alça em negro o fundo,
a meio perla-se o prado -
névoa que me betume nos olhos o branco.


Eclode a rebentação do cimo
mais transparente da vaga
- a minha cabeça descasca-se para dentro.


Dá-se ares o vento e quer-se distante.
mas fecho-o numa caixa
e roubo-lhe a paixão e os aromas...

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O bulbul
deixou de gritar,
névoa e penumbra.

É um haiku do japonês Âro.
A arte de desemaranhar imagens.
Mas grita o bulbul? Um pássaro com um nome tão perfeito, grita?
Então, estamos mesmo fodidos




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