quarta-feira, 4 de maio de 2011

EU, KATE E WILLIAMS, 2

E insistem as pessoas: mataram o Bin Laden. O Bin Laden estava de há muito morto, não está vivo aquele que inquinou num único tipo de solução para os problemas, do mesmo modo que o Obama usa todo o aparato do Estado para nos mostrar que está vivo, ele que, comprometido com as raízes mais negras, de vivo já só tem os dentes – discorria eu sobre o estado do mundo, do alto da minha varanda de nono andar, a fumar o meu último Monte Cristo 3, quando tocou o telefone.
Era o David Caruso, que me interrogou de maus modos:
- Ouve lá, afinal, tu tens o vício do jogo?
- De que falas?
- O teu clone, em vez de ficar de olho à porta da Kate e do Williams foi jogar nas corridas de cavalos.
Calei fundo. Já me aconteceu. Uma só vez. Gastei o dinheiro da combinada lua-de-mel na Austrália em apostas no hipódromo. Mas já foi há muitos anos. A noiva já me perdoou e depois de separados nunca mais nos demos mal.

-  Epá, hoje cavalos só pelas costas.

O  gajo não hesitou:
-  E que procuras tu na cauda dos cavalos?
- O bigode do Groucho Marx. O gajo fez isso? – tornei incrédulo.
- Que tens a dizer?
- Tenho uma candidata a deitar-se na cama dum cabotino das finanças… - desviei, sem dar troco.
- Como é que ela, é?
- Um traço.
- Como se chama?
- Só te posso dar o nome de código: Madame Diacov.
- Essa tipa… não tem nada a ver com o Diógenes?
- Esse…acho que é o treta avo, do lado do pai e descende duma condessa russa amante de Tolstoi pelo lado da mãe, e herdou-lhes a lábia…
- Óptimo. Temos que ver quem ela pretende atacar.
- Já me disse, o director do Banco Mundial…
- Vou enfiá-la na festa de casamento do Príncipe do Mónaco… Tens de me dar os contactos dela.
- Que me dizes tu do Williams ter adiado a lua-de-mel?
- A Kate explicou-me… é uma questão de energia. Por isso ele tem aquelas entradas no cabelo, com aquela idade e sendo quem é… nem energia tem para se decidir a um implante.
- Dizes-me então que o homem necessitaria também de um implante de pélvis?
- Era isso que íamos saber se o teu clone usasse os sensores que lhe embuti na sola para o efeito devido e não para medir a energia dos cascos dos cavalos, no hipódromo…
- Há anos que não jogo, não podia adivinhar. E não estou menos lixado que tu. Pensava lançar no Outono o «Kamasutra segundo Kate e Williams». Mas não vais falar com ela?
- Vamos conversar hoje, depois te digo.
- Mantém-me informado, fazes favor.
(à suivre)

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