quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

UI, POMPEIA! NOVAS DE OZO


Escreveu-me Ozo. Está em Katmandu. Enviou-me os poemas que edito em baixo. Em cima o postal que há uns meses me mandou de Pompeia.


                                                                           para o António Claudio Zamagna


1

Mais honrados os dias
em que o amor
nos levava à cicuta.
Agora já nem a adaga do sémen
mata, 
          Oh Lord,
nem o cavalo excitado
      escoceia,
                   até se julgar na Escócia,
o clítoris renitente.


2

Não confies no seio
que se entregar
                     solitário.
                     É avarenta
a sensibilidade em oferenda
que não dê como penhor
a própria sombra.


3

Julgas tu
que a batota
te aumenta o valor
             no penico?


4

Se escrevia: OVO,
ou se lia a palavra,
via logo dois seios e um decote,
e nem ler a Bíblia
lhe emendava a erecção.

Aprendeu a meditar
esvaziando os vês
ou trocando-os pelos bês,
até para evitar o colesterol.



5

Tinha mais pregas
       no olho do cu
              que serrilhas tem um selo
        pra Katmandu –
E lâminas lhe nasciam
do olhar
de lambisgóia.
  
Mas nunca o seu transe
me caiu no goto,
              nem, sendo Helena,
           alguma vez se descaiu
com o preço duma passagem
para Tróia.

Por isso quando aparecia
eu ocupava-me com Las Moradas
de Santa Teresa de Jésus.



6

Tocava ferrinhos na filarmónica.
Eu mostrei-lhe o Contos
da Loucura Normal,
                   com a Ornella Mutti
nua à janela
e depois
          hic et nunc
                    o veludo do meu ferrinho
vibrou no seu triângulo
a pé-coxinho.



7

Não capriches tanto.
Tanta pimenta e colorau
tira a pica
          ao mais pintado.
A rigor, basta a nu,
              talvez uma pitada de louro
e alho
            mas sem fritar demasiado
os grelos.
A cultura, ah sim, quer-se cozida
mas quanto mais profissional
o pau
            mais cru se solicita.


8

A inveja que lhe tinha,
dava o cu e pronto.
Não havia dedais entre ele
e os dedos.

Ganhar a vida honradamente
é um longo processo de demolição,
como sabia Fitzgerald
que foi cornudo
cem vezes
e sem aspas.

Ah, foder com os dentes do siso
sem nos anilhar
a epifania do amor:
dar a piça ou dar o cu
com a prontidão
de quem não conhece
relógio de ponto,

eis a filosofia
que me apraz
ensinar ao esterco
dos meus alunos.

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